quinta-feira, 25 de março de 2010

Família fundadora da Forno de Minas retoma controle da fabricação

A empresa foi vendida em 1999 para a americana Pilsbury (um dos maiores grupos de alimentação do mundo), que um ano depois foi comprada por outra multinacional americana, a General Mills.
Nos dez anos em que a Forno de Minas esteve nas mãos dos americanos, a receita foi sendo alterada por motivos econômicos ( reduzir custos), o que resultou na perda de qualidade e de vendas. Segundo a família Mendonça (fundadora da marca), pouca coisa restou do "pão de queijo", a começar pela quantidade de queijo usada na massa.
" A Pilsbury fez uma proposta boa. Não tínhamos como não vender. Topamos e continuamos fornecendo o queijo, o que não foi um projeto bem sucedido, porque eles foram diminuindo a quantidade de queijo. Virou um biscoito de polvilho", diz Helder Mendonça, 44, filho de Maria Dalva, 67, "criadora" da receita.
Ela avalia que a alteração custou a perda de mercado na ordem de 50%.
Em abril do ano passado, a família Mendonça viu diante de si a oportunidade de ter de volta a marca; a General Mills ligou para Helder para informar sobre o fechamento da fábrica e ofereceu a recompra. A americana dona da Haagen Das, tomou tal medida porque decidiu reestruturar seus negócios no Brasil, encerrando as atividades voltadas ao segmento de massas e pães no país. Com isso, 500 funcionários foram demitidos.
Na ocasião, o diretor geral da General Mills Brasil, Pablo Pla, explicou que o foco da companhia será expandir os negócios de sorvetes premium Haagen-Dasz e as barras de cereais Nature Valley.
"Disseram que o pão de queijo virou commodity. Aí entendi. O pão de queijo, que é uma iguaria, virar commodity? Não tinha como dar certo mesmo.", diz Helder.
A questão sentimental falou mais alto para Maria Dalva e os filhos Hélida e Helder, que haviam vendido a empresa por cerca de 55 milhões, e a recompraram por um valor menor( não divulgado pela família).
A fábrica foi reaberta em 25 de maio, com a recontratação de 160 dos 500 trabalhadores demitidos, e está em processo de readequação da produção, necessária para que a receita original sera reintroduzida.
O desafio da empresa é reposicionar o produto, tendo a qualidade em primeiro lugar tendo em foco inical o mercado mineiro que tradicionalmente é exigente e conhecedor do verdadeiro pão de queijo. Mendonça diz que usarão "seis vezes mais queijo", e que em Belo Horizonte, as pessoas voltaram a fazer pão de queijo em casa, porque as marcas de pães de queijo congelado, seguiram o mesmo caminho e resolveram tirar queijo para baixar o custo e passaram a vender polvilho com aroma de queijo.
E assim volta a jornada da família, que mesmo afirmando que o preço irá subir, pois usa-se "seis vezes mais queijo", aparenta estar confiante na retomada da marca líder de mercado, e que irá sair da briga com biscoitos de polvilho e de pão de queijo sem queijo; vão voltar a fazer pão de queijo com queijo.

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